O Trem de Ferro
" Num trem ,
Em grande disparada ,
Pai e filho corriam
- as montanhas , os montes ,
Os horizontes ,
O matagal cerrado ,
Os penedos ,
Os rochedos ,
Os arvoredos...
Tudo a correr com a rapidez do vento
Tresloucado !
E o trem , que era , em verdade , o que corria , parecia estar parado !
A criança , o petiz , cheio de espanto ,
Lhe perguntou : papai !
Porque é que tudo , ao longe , está correndo tanto ,
E o trem daqui não sai ?
Os passageiros riam ,
Pois sabiam
Que o petiz se enganava !
O trem , que parecia estar imóvel ,
Era , de fato , o que corria
E voava .
Dos passageiros todos , um somente
Nem de leve sorriu .
E , então , os passageiros riam dele ,
Porque ele não riu !
E o poeta ( era um poeta ... ) . Disse então:
É natural , senhores ,
A ilusão
Do petiz iludido :
Muitas vezes , a nós a mesma coisa
Já tem acontecido
E vós , ó meus senhores ,
- os cientistas , os sábios , os doutores ,
Caís no mesmo engano lisonjeiro .
Pois , afinal , todos os dias , exclamamos :
- como é que o tempo passa tão ligeiro !
E nós é que passamos ! "
" O Trem de Ferro " , da autoria do gigante Catulo da Paixão Cearense ( 1863 - 1946 ) , músico , compositor , nominado o Poeta do Sertão , nascido em São Luís do Maranhão , filho de Amâncio José Paixão Cearense , e de Maria Celestina Braga .
Na foto que ilustra o texto , um certo garoto dentuço , nos fins dos anos cinquenta do século passado , defronte a sua residência onde nasceu sob as mãos de uma parteira , na rua Rodrigues Júnior 986 , no bairro da Aldeota , Fortaleza .
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