O Ceará Não Tem Disso Não ?
Furacões e terremotos , representam medonhos desastres naturais que volta e meia , por conta de pressões exageradas, tendo a origem em placas tectônicas, ceifam inocentes almas humanas e destroem, impiedosamente , cidades por onde passam .
Trata - se de maldade da natureza ?
De forma nenhuma !
A natureza não dá a mínima bola para o bicho - homem . Ela em sua plenitude , imensidão e complexidade , não é boa nem má.
Apenas existe , e ponto final !
Em Pindorama , , especialmente no Ceará, neste período seco do ano , sopra uma brisa festeira , a levantar poeira , derrubando pé de pau envelhecido , jogando areia miúda nos olhos da negrada, trazendo à memória o mesmo incômodo causado por um inseto , o " lacerdinha " , que promovia uma incômoda ardência nos olhos dos transeuntes, ali pelos anos 60 do século passado.
Quando tal ventania alcançava a " esquina do pecado " , localizada na Praça do Ferreira, em Fortaleza , levantava , fescenino , as saias das estudantes secundaristas que desfilavam naquele logradouro , para deleite do canelau que batia ponto naquela redondeza .
Os furacões e terremotos , a despeito de acarretarem sérios danos , logo passam e a um custo elevado , permitem a recuperação dos danos infligidos . Pindorama desconhece tais desastres naturais , por situar - se distante das temíveis placas tectônicas, aquelas cascas de tartaruga que delimitam o chão da terra . Em contrapartida , convive com mazelas , verdadeiras calamidades provocadas por gente graúda de colarinho branco , toga e farda , que em conluio , nas caladas da noite , como representantes do povo , rasgam a Constituição Federal , desprovidos de qualquer senso de moralidade . Impõem ao país, perdas mais elevadas até que aquelas provadas pelos mórbidos eventos naturais , deixando Pindorama , próxima de de um colapso geral.
Parece repetitivo e banal , mas , ou se lava a jato o país à limpo , ou a derrocada vai ser fatal .
" O meu nome é Severino / não tenho outro de pia/ como há muitos Severinos/ que é santo de romaria/ deram então de me chamar Severino de Maria.../ somos muitos Severinos / iguais em tudo na vida / morremos de morte iguais em tudo na vida /na mesma cabeça grande/ que a custo se equilibra / no mesmo ventre crescido / sobre as mesmas pernas finas / e iguais também porque o sangue/ que usamos tem pouca tinta/ e se somos Severinos / iguais em tudo na vida / morremos de morte igual/ mesma morte Severina / que é a morte que se morre / de velhice antes dos trinta / de emboscada antes dos vinte/ de fome um pouco por dia / de fraqueza e de doença/ é que a morte Severina/ ataca em qualquer idade / e até gente não nascida ."
Excertos da poesia " Morte e Vida Severina " , do pernambucano João Cabral de Melo Neto ( 1920 - 1999 ).
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