Amor , o poema do corpo
"O amor não existe. A poesia não existe. A alma não existe. Isto quer dizer: o amor , a poesia , a alma ... não são dados prontos e acabados. Estão por fazer. Não temos o amor em nós como possuímos um móvel ou dinheiro.
A inspiração não vem como um vírus: ninguém fica poeta como fica gripado. Também não temos uma alma , como temos um corpo ( não somos uma alma como somos um corpo).
A inspiração não vem como um vírus: ninguém fica poeta como fica gripado. Também não temos uma alma , como temos um corpo ( não somos uma alma como somos um corpo).
O amor , a poesia , a alma não existem , mas se inventam; e não como o telefone ou a televisão, que, mal são inventados, são objetos.
O amor , a poesia, a alma não têm existência objetiva. Por isso sempre podemos negá- los - não ver num poema somente linguagem (no máximo versificação) , no amor somente desejo, na alma somente o corpo.
O amor , a poesia, a alma não têm existência objetiva. Por isso sempre podemos negá- los - não ver num poema somente linguagem (no máximo versificação) , no amor somente desejo, na alma somente o corpo.
Melhor: todas essas reduções têm sua parte de verdade, que dá razão ao materialismo. Mas o que essas negações exprimem não é o nada do que é negado; é a inaptidão dos que negam.
Só há poesia para os leitores - poetas; amor , só para os amantes, ou que o foram , almas...
Só há poesia para os leitores - poetas; amor , só para os amantes, ou que o foram , almas...
O amor , a poesia, a alma não existem. Mas os poetas, os homens dotados de grandeza de alma e os amantes, isso existe - nós sabemos !".
Texto seminal da autoria do filósofo materialista francês André Comte - Sponville ( 1952 - ) , extraído do livro " Do Corpo " , págs. 60 e 61, ano 2013 , Editora Martins Fontes.
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