ADOLFO CAMINHA:
REALISMO E IRONIA
Adolfo Ferreira Caminha (1867 – 1897), nasceu no dia 29 de
maio de 1867 na cidade de Aracati no
estado do Ceará. Seus pais foram Raimundo Ferreira dos Santos Caminha e Maria
Firmina Caminha. Aos 13 anos de idade, Adolfo foi enviado para a Capital do
Império, o Rio de Janeiro, ficando sob os cuidados de um tio-avô Álvaro Tavares
da Silva. Ingressou na Escola de Marinha no ano de 1883. Como guarda – marinha
em 1886 faz uma viagem de instrução no cruzador Almirante Barroso, fonte para
mais adiante publicar uma narrativa de viagem “ No País dos ianques “. No ano
de 1886 publica “ Voos Incertos “, poesia, e no ano seguinte “ Judite e
Lágrimas de um Crente “, novela. No ano de 1887recebe promoção a segundo –tenente.
Encontramos o jovem oficial Adolfo Caminha em 1888 de volta ao seu torrão natal
e no ano seguinte fazendo parte do Centro Republicano do Ceará ao lado de
figuras de valor como José do Amaral, João Cordeiro, Joaquim Catunda, João
Lopes, Antônio Sales e outros.
Por essa época Adolfo Caminha se envolve num enorme
escândalo, para uma cidade provinciana como Fortaleza, em proibido idílio com
uma senhora esposa de um oficial do Exército brasileiro, o que lhe valeu a
interrupção de sua carreira na Marinha do Brasil. Os ânimos ficaram exaltados
tanto com os integrantes do Exército como os da Marinha. Rui Barbosa, então
ministro da Fazenda tenta colocar panos mornos na refrega nomeando Adolfo na
Tesouraria da Fazenda em Fortaleza. Neste período Adolfo entra em litígio verbal
com dois pesos – pesados das letras cearenses – Antônio Sales e Rodolfo Teófilo.
Em 1892 Adolfo Caminha toma parte como fundador da famigerada Padaria
Espiritual com uma plêiade de intelectuais cearenses.
Em 1893 publica “ A Normalista “ e em 1895 lança dois livros:
“ Bom Crioulo “ e “ Cartas Literárias “. Em 1896 funda e dirige “ A Nova
Revista “ de curta duração, apenas nove meses.
Com 29 anos de idade, no dia primeiro de janeiro de 1897
falece, em sua residência na Rua Visconde de Itaúna, vítima da Peste Branca, a
temível tuberculose pulmonar. Seu último romance “ A Tentação “ lançado
postumamente contém ataques à sociedade do Rio de Janeiro e àqueles que
defendiam o Imperador D. Pedro. Deste
modo Adolfo Caminha repete a temática da crítica social encontrada também em “
A Normalista “ vingando-se de uma sociedade na qual não via autoridade para
julgá-lo; e no “ Bom-Crioulo “ onde aborda o tema do homossexualismo entre
marinheiros, assunto tabu mesmo nos dias de hoje.
Registram-se deste modo um desabafo triplo na trajetória do
escritor cearense em seus principais romances: “ A Normalista “ contra a
sociedade fortalezense; o “ Bom Crioulo “ contra a Marinha do Brasil; e a “
Tentação “ contra o povo do Rio de Janeiro.
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