PARACELSO , ERLICH E KELSEY
"Todas as substâncias são venenos , não existindo nada que não seja veneno , somente a dose diferencia o veneno do remédio “ . Paracelso ( 1493 – 1591 ) .
Já vem de longe a ideia de que constitui a missão do médico : curar algumas vezes , aliviar frequentemente e consolar sempre , ou trocando em miúdos , velar pela saúde e o bem – estar dos indivíduos .
Desde priscas eras o homem se utilizava de ervas, poções várias oriundas da mãe – natureza com fins de debelar doenças . Apenas recentemente, surgiram as famigeradas “ Balas Mágicas “ de Paul Erlich ( 1854 – 1915 ) , um pioneiro da quimioterapia , com a invenção do remédio “ salvarsan “ para o tratamento da sífilis . Desastres aconteceram na produção de fármacos a nos mostrar a necessidade de se impor rigorosos estudos antes da liberação de tais produtos em seres humanos . Um exemplo : a “ Talidomida “ . Sintetizada em 1954 na Alemanha e lançada às pressas no mercado com o nome de “ Contergan “ . Tal fármaco foi distribuído em cerca de 50 países como um seguro sedativo . Não era ! . Milhares de crianças vieram ao mundo com múltiplas anomalias , como membros curtos ( focomelia ) , alterações nas orelhas e distúrbios vários em múltiplos aparelhos ( digestório , cardíaco e neurológico ) , pelo uso indevido da talidomida no curso da gravidez .
Frances Oldham Kelsey ( 1914 – 2015 ) , uma farmacologista , de forma estoica , resistiu às pressões para que o órgão a que servia ( FDA ) , que regula os alimentos e drogas , liberasse a talidomida nos Estados Unidos da América . Assim , livrou aquele país do desastre de tal medicamento e por conta disto foi condecorada pelo presidente de então , John F. Kennedy pela sua heroica postura .
O Brasil assiste neste turbulento ano de 2015 , entre atônito e constrangido , uma querela por conta da liberação de uma substância química ( fosfoetanolamina ) , a dita “ pílula do câncer “ produzida por uma universidade brasileira ( USP ) .
Tal produto teria uma hipotética ação benéfica no combate ao câncer em humanos. Liberada através de liminar judicial a fosfoetanolamina não possui bula ( um absurdo ) , não se encontra regularizada em órgão oficial de saúde pública ( outro absurdo ) , nem possui estudos científicos que ajuízem a importância de tal fármaco ( mais um absurdo ) .
Não há como esquecer as figuras de Paracelso ( remédio x veneno ) , Paul Erlich ( balas mágicas ) e Frances O . Kelsey ( proscrição da talidomida ) diante de tal imbróglio .
Que país é este , meus senhores ? : cuidado e caldo de galinha não fazem mal a ninguém , ou a pressa é inimiga da perfeição ! .
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