Sorriso do Mar
O tempo é uma invenção do homem para medir fenômenos da natureza. Não vivemos no tempo, vivemos o tempo ( Heidegger , Ser e Tempo ). Tudo é ilusão, exceto o tempo. Quando nos atemos ao presente , a consciência é divina .
"Tudo passa e tudo fica
Porém o nosso é passar,
Passar fazendo caminhos
Caminhos sobre o mar
Nunca persegui a glória
Nem deixar na memória
Dos homens minha canção
Eu amo os mundos sutis
Leves e gentis,
Como bolhas de sabão.
Gosto de ver - los pintar - se
De sol e grená voar
Abaixo o céu azul , tremer
Subitamente e quebrar - se...
Nunca persegui a glória
Caminhante, são tuas pegadas
O caminho e nada mais;
Caminhante, não há caminho,
Se faz caminho ao andar.
Ao andar se faz caminho
E ao voltar a vista atrás
Se vê a senda que nunca
Se há de voltar a pisar
Caminhante não há caminho
Senão há marcas no mar...
Faz algum tempo neste lugar
Onde hoje os bosques se vestem de espinhos
Se ouviu a voz de um poeta gritar
" Caminhante não há caminho,
Se faz caminho ao andar"...
Golpe a golpe , verso a verso...
Morreu o poeta longe do lar
Cobre - lhe o pó de um país vizinho.
Ao afastar - se lhe vieram chorar
" Caminhante não há caminho,
Se faz caminho ao andar..."
Golpe a golpe , verso a verso...
Quando o pintassilgo não pode cantar.
Quando o poeta é um peregrino.
Quando de nada nos serve rezar.
"Caminhante não há caminho,
Se faz caminho ao andar..."
"Golpe a golpe, verso a verso ."
Cantares , de Antônio Machado Ruiz ( 1875 - 1939 ).
Neste sábado na Praia do Japão, litoral leste do Ceará, a jangada " Sorriso do Mar" repousando , para logo mais voltar ao mundo de Netuno.
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