O Rato Que Tinha Medo
" Um Rato tinha medo de Gato. Nisso não era diferente dos outros ratos. Pavor , tremor , ânsia, vida incerta. Mas, igual a todos os outros de sua espécie, o nosso Rato teve , no entanto, um fato diferente em sua vida - encontrou - se com um Mágico. Conversa vai , conversa vem , ele explicou ao Mágico a sua sina e o seu pavor.
O Mágico então transformou - o exatamente naquilo que ele mais temia e achava mais poderoso sobre a terra - um Gato. O Rato, daí em diante, passou a perseguir os outros ratos mas adquiriu imediatamente um medo horrível de cães. E nisso também não era diferente de todos os outros gatos.
A única diferença foi que tornou a se encontrar com o Mágico. Falou - lhe então do seu novo medo e foi transformado outra vez na coisa que mais temia, Cão.
Cão, pôs - se logo a perseguir os gatos. Mas passou a temer animais maiores, como Leão, Tigre, Onça, Boi, Cavalo , tudo. O Mágico surgiu mais uma vez e resolveu transformá- lo , então, num Leão, o mais poderoso dos animais. Mas o nosso ratinho, guindado assim à classe A da classe animal, passou porém a recear quando ouvia passo de Caçador. Então o Mágico chegou , transformou- o de novo num Rato e disse, alto e bom som :
"Moral : Meu filho , quem tem coração de rato não adianta ser leão ."
Do livro Fábulas Fabulosas , do ano de 1963 , da autoria de Millôr Fernandes ( 1923 - 2012 ) : desenhista , humorista , dramaturgo , escritor , poeta , tradutor e jornalista brasileiro.
No aziago ano de 2021 em Pindorama , Ratazanas de maus bofes, daquelas que trouxeram a Peste Negra para humanidade , inventaram um pérfido tribunal de horrores, ameaçando cidadãos de bem , invertendo valores da sociedade . Seres amorais falando em nome de uma justiça, cega , surda e muda , e exaltando uma " sienssia " vulgar , parva e absurda .
Um verdadeiro samba do crioulo doido !
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