Um Breve Repouso no Front da Batalha
Retomando o fôlego nestes ásperos tempos , respeitando as normas emanadas pelo Ministério da Saúde do Brasil, tendo a consciência limpa de " não largar as mãos " daqueles que fazem a razão de ser de nossa humana arte, não um comercio; uma vocação, não um negócio ; uma missão em que há que se empregar o coração igual que a cabeça"( Sir William Osler - 1849 - 1019 ).
" Vocês estão vendo aquele quarto ao fundo da casa, com pouca ventilação,
Escuro, silencioso, compondo o cenário do quintal, junto ao quarto de depósito?
Ali vive um senhor
Solitário, cercado de livros de poesia e solidão..
Dizem os mais velhos que , há alguns anos, ele era muito falante, convivia com pessoas,
Brincava com a vida,
E, aos poucos, foi calando - se, entristecendo - se, falando de coisas do passado e achando tudo muito igual...
Desmotivado pela indiferença das pessoas, foi moldando sua vida à reclusão, e, por fim, lá se instalou com suas lembranças, seu passado sofrido das lutas da realidade, com sua poesia existencial.
Como pouco falava e muito sentia, não encontrou ouvidos que o escutasse, diziam que era deprimido.
Diziam a ele que a vida era bela,
Que o sol nascia todo dia,
E as pessoas eram felizes...
Nada disto ele via, e sim, pessoas repetindo o mesmo discurso,
Contrário ao modo de viver.
Falavam se amor, e o ódio predominava;
De amizades, quando muitos apenas conviviam.
Foi aos poucos sentindo que o teórico, não correspondia à prática.
Tentou ser amável, caridoso, alegre,
Porém, as pessoas mais se isolavam.
Daquele quarto, vê- se, vez ou outra pela fenda da porta,
Poesias em pequenas e amassadas folhas sendo lançadas para fora do quarto e varridas
Ao lixo; quando não, o vento as carrega para longe.
Nestas folhas estão contidas todos os motivos que o levaram a viver junto às suas poesias.
Que muito falam, se agitam, reclamam, amam
E tem vida própria...
A vida deste poeta foi dedicada à poesia
Para juntos, num só corpo,
Sumirem devagarinho pela fresta da porta
E tornarem - se fumaça.
Texto luminoso " O Velho Poeta ", do meta- poeta Dirceu Dirceu Azevedo Vasconcelos , pertencente à Academia Cearense de Médicos Escritores ( ACEMES ) e a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores ( SOBRAMES ).
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