Bonito para Chover
Para a poeta Jandira Cardoso
São Pedro acordou nesta manhã plúmbea na Bela Desposada do Sol , trabalhando pesado . Carrancudo , arrastando imensos móveis e mexendo nervoso , nas luzes celestes num pisca - pisca de pirilampos. Lágrimas benditas escoando das nuvens , clamando para que eu, novamente , busque nos braços de minha longínqua infância , um banho de bica na Praça Rogério Fróes. Tempo para soltar meu veleiro de papel que segue bamboleando, na coxia murmurando cânticos d'águas, rumo ao seu fadário.
"Os que nascemos no bochorno cearense aprendemos a amar - te o cântico, ó mãe das searas fecundas e dos lares bonançosos. Refrigério das estradas combustas e das rechãs estioladas. Embrião da alegria e da paz. Unção misericordiosa do Ceará.
És uma romanza de amor. O Solo, o Solo cearense, que a canícula estorrica e inflama , é teu enamorado eterno. Quanto mais foges, mais ele te deseja e mais arde , mais se calcina e mais se inferniza, no desespero de tua ausência. Estala na sede de teu beijo. Combure - se tantalizado . Anseia por ti, chispa revérberos de ódio, porque o fogo de suas entranhas exige o sedativo do teu bálsamo, a maciez do teu afago, a pianíssima ternura glacial de tuas gotas. E,- pobre enamorado - repulsa de sobre si os últimos lampejos da vida. E transforma sua face num lutuoso painel de catacumbas.
Mas, quando vens, e desces, noiva simbólica, tamborilando o rumor de tuas bátegas, o Solo recebe a carícia dos teus ósculos. Embebe - os, sôfrego. Transfigura - se. E opera- se, neste encontro, o milagre sempiterno do amor. Do Amor que dá entusiasmo e dá frutos. Do Amor que perpetua, na face da terra, o FIAT genesíaco da criação.
A natureza , nesse encontro , representa o grande tálamo nupcial - teu e do Solo...
És uma romanza de amor. O Solo, o Solo cearense, que a canícula estorrica e inflama , é teu enamorado eterno. Quanto mais foges, mais ele te deseja e mais arde , mais se calcina e mais se inferniza, no desespero de tua ausência. Estala na sede de teu beijo. Combure - se tantalizado . Anseia por ti, chispa revérberos de ódio, porque o fogo de suas entranhas exige o sedativo do teu bálsamo, a maciez do teu afago, a pianíssima ternura glacial de tuas gotas. E,- pobre enamorado - repulsa de sobre si os últimos lampejos da vida. E transforma sua face num lutuoso painel de catacumbas.
Mas, quando vens, e desces, noiva simbólica, tamborilando o rumor de tuas bátegas, o Solo recebe a carícia dos teus ósculos. Embebe - os, sôfrego. Transfigura - se. E opera- se, neste encontro, o milagre sempiterno do amor. Do Amor que dá entusiasmo e dá frutos. Do Amor que perpetua, na face da terra, o FIAT genesíaco da criação.
A natureza , nesse encontro , representa o grande tálamo nupcial - teu e do Solo...
Renova , todos os anos , ó Chuva , esse milagre bíblico do amor...
Apieda - te do nosso Solo , que , quanto mais foges, mais se contorce e mais arde , mais se estiola e calcina , mais definha e mais se enfermiza , desesperado e trágico, na sede infinita do teu beijo.
Volta , de novo , ó Chuva , sobretudo agora, e faze reacender- se em nossos lares o círio votivo da Esperança ".
Apieda - te do nosso Solo , que , quanto mais foges, mais se contorce e mais arde , mais se estiola e calcina , mais definha e mais se enfermiza , desesperado e trágico, na sede infinita do teu beijo.
Volta , de novo , ó Chuva , sobretudo agora, e faze reacender- se em nossos lares o círio votivo da Esperança ".
Oração À Chuva : excertos da mimosa crônica da autoria de João Perboyre e Silva ( 1905 - 1965 ) , membro da Academia Cearense de Letras, ocupante da Cadeira n. 33 e presidente da Associação Cearense de Imprensa.
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