Aníbal Machado, um homem em preparativo
Para a poeta Jandira Cardoso
Aníbal Monteiro Machado (1894 - 1964 ) nasce em Sabará, Minas Gerais. Tem uma infância folgada e feliz , sendo alfabetizado pela mãe e por uma governanta alemã. Frequenta o famoso Colégio Abílio, imortalizado por Raul Pompéia no romance Ateneu. Gradua - se em Direito e depois é nomeado
Promotor Público. Assume a cátedra de literatura no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro.
Sua produção literária faz - se em prosa e verso : " Caderno de João " ; " A morte da porta - estandarte ";
Sua produção literária faz - se em prosa e verso : " Caderno de João " ; " A morte da porta - estandarte ";
" A arte de viver e outras artes " ; " João Ternura ".
Para Paulo Mendes Campos , Aníbal era um consertador de material humano , e também um homem que aceitava material humano tal como ele é, precário e torto.
Para Paulo Mendes Campos , Aníbal era um consertador de material humano , e também um homem que aceitava material humano tal como ele é, precário e torto.
" Não sou responsável pelas minhas insuficiências. Se minha corrente vital é acaso interrompida e foge de seu leito; se meu ser muitas vezes se desprende de seus suportes e se perde no vazio; se é frágil a minha composição orgânica e tênues os meus impulsos - culpo disso os meus pais , a sociedade , o regimen, os colégios; culpo as mulheres difíceis, os governos, as privações anteriores - culpo os antepassados em geral , o mau clima da minha cidade , a sífilis que veio nas naus descobridoras, a água salobra, às portas que se me fecharam e outros "sins " que esperei e que me foram negados; culpo os Jesuítas e o vento sudoeste; culpo aos meus ingredientes astrológicos; culpo a Pedro Álvares Cabral e a Getúlio; culpo o excesso de proibições, a escassez de iodo , às viagens que não fiz , os encontros que não tive , os amigos que me faltaram e as mulheres que não me quiseram; culpo a D. João VI e ao papa ; culpo à má vontade e à incompreensão geral. A todos e a tudo eu culpo. Só não culpo a mim mesmo que sou inocente . E ao Acaso , que é irresponsável "
" Não é à noite - dimensão poética ou conceito metafísico - que me refiro. Nem à noite moral , treva da alma , reminiscência teológica da ideia de queda ou pecado original. Mas à presença concreta, íntima, da noite : a que se aproxima da cama ou do banco do jardim para nós colher; a que nos dá a beber a sua substância de esquecimento; a que vem sem ser chamada e é esperada como um armistício. A noite necessária na qual nos enrolamos e que se enrola em nós, noite particular e espessa com a qual dormimos. Átomo da grande noite indivisível "
" Difícil não é aprofundar a solidão; é dela sair com a vida entre os dentes "
Ponto final !
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