quinta-feira, 11 de maio de 2023

 Lua Cheia na Cidade Grande

" Eu tenho pena da Lua !
Tanta pena , coitadinha ,
Quando tão branca , na rua
A vejo chorar sozinha ! ...
As rosas nas alamedas ,
E os lilases cor de neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas
Só a triste , coitadinha...
Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha ...
Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua ...
E fico a chorar com ela ! ..."
Poema Só, Florbela Espanca ( 1894 - 1930 ) .
" Tenho fases , como a lua .
Fases de andar escondida ,
Fases de vir para a rua ...
Perdição da minha vida !
Perdição da vida minha !
Tenho fases de ser tua ,
Tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.
E roda a melancolia
Seu interminável fuso !
Não me encontro com ninguém
( tenho fases como a lua ...)
No dia de alguém ser meu
Não é dia eu ser sua ...
E , quando chega esse dia ,
O outro desapareceu ... "
Poema Lua adversa , de Cecília Meireles ( 1901 - 1964 ) .
Foto que ilustra o texto , uma noite de lua cheia em Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção .
Pode ser uma imagem de árvore e eclipse
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 Ferroviário Atlético Clube - 90 Anos de Glórias

Os operários da Rede Viação Cearense ( RVC ) que trabalhavam nas Oficinas do Urubu, no bairro da Barra do Ceará, em Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção , na década de 30 do século XX , improvisaram dois times de futebol de poeira , o Matapastos, e o Jurubeba , nome de ervas que medravam na região . A fusão destes dois times amadores deu origem , no dia 09 de Maio de 1933 , ao Ferroviário Atlético Clube , sob a firme condução de um cearense da cidade de Pacoti , Waldemar Cabral Caracas , destacado nome na história do desporto bretão local , tornando - se o patriarca do clube coral .
De início , o Ferroviário atuou na Liga Suburbana de Futebol , onde em 1937 , sagrou - se campeão. A partir de 1838 , o Ferroviário passou a atuar na divisão principal do futebol cearense , a convite da Associação Desportiva Cearense ( ADC ) . Até os dias de hoje , a trajetória do time coral mostrou - se permeada de retumbantes vitórias e feitos memoráveis :
1941 : Na inauguração do Estádio Presidente Vargas , o Ferroviário vence o time do Tramways Sport Club , pelo placar de 1 X 0 , com gol assinalado pelo atleta Chinês .
1945 : o Ferroviário torna - se pela primeira vez , Campeão Cearense , contando com a equipe base : Zé Dias , Caranguejo , Babá , Aldevir , Benedito, Chinês, Dandoca , Aracati, Charutinho , Almeida , e Pipi .
1950 : pela segunda vez, o Ferroviário chega a Campeão Cearense , contando com o seguinte quadro : Zé Dias, Manuelzinho, Nozinho, Índio , Vareta , Vicente , Nirtô , Três Orelhas , Zé Maria , Fernando e Pipi.
1952 : Terceiro título de Campeão Cearense , obtido pelo Ferroviário, com a seguinte formação : Juju , Nozinho , Macaúba , Vicente , Mário Serejo, Manuelzinho, Nirtô , Três Orelhas , Macaco , e Fernando.
1968 : Quarto título de Campeão Cearense pelo Ferroviário . Jogadores utilizados : Edilson José, Douglas , Gomes , Wellington, Cavalheiro , Luiz Paes , Roberto Barra Limpa , Barbosa , Coca - Cola , Mano , Sanega, João Carlos , Ademir , Lucinho, Paraíba , Edmar , e Raimundinho .
Em 21 de agosto de 1988 , no Estádio Castelão , Ferroviário e Ceará disputavam a final do terceiro turno do campeonato cearense . O Ferroviário jogava por um empate e perdeu de goleada ( 5 X 1 ) , no tempo normal . Na prorrogação prevista , o Ceará se apresentava como franco favorito , em vista do baixo estado de ânimo dos atletas corais , em decorrência do elástico placar sofrido .
No final da peleja , Arnaldo e Guima , fizeram os dois gols que deram a vitória ao Ferroviário por 2 X 0 .
Coisas do futebol , coisas do querido Ferrão!
Em 1998 , deu - se a privatização da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima ( RFFSA ) , que ocupara o lugar da antiga Rede Viação Cearense ( RVC ) . A nova empresa agora passou a se denominar Companhia Ferroviária do Nordeste ( CFN ) . Teve fim , desse modo , a ajuda financeira que o time do Ferroviário recebia há tempos da RVC e da RFFSA .
Desde então, os títulos minguaram , mas a " inchada coral " continua firme . Aquela turma que enchia os vagões da sacolejante " Maria Fumaça " sob a batuta da Dona Filó , e do folclórico Zé Limeira , ainda persiste :
" - Aí é Ferrão, meu filho ."
Francisco Eleuterio / Francisco Clayrton
Ferroviário Atlético Clube - 90 Anos de Glórias
De início , o Ferroviário atuou na Liga Suburbana de Futebol , onde em 1937 , sagrou - se campeão. A partir de 1838 , o Ferroviário passou a atuar na divisão principal do futebol cearense , a convite da Associação Desportiva Cearense ( ADC ) . Até os dias de hoje , a trajetória do time coral mostrou - se permeada de retumbantes vitórias e feitos memoráveis :
1941 : Na inauguração do Estádio Presidente Vargas , o Ferroviário vence o time do Tramways Sport Club , pelo placar de 1 X 0 , com gol assinalado pelo atleta Chinês .
1945 : o Ferroviário torna - se pela primeira vez , Campeão Cearense , contando com a equipe base : Zé Dias , Caranguejo , Babá , Aldevir , Benedito, Chinês, Dandoca , Aracati, Charutinho , Almeida , e Pipi .
1950 : pela segunda vez, o Ferroviário chega a Campeão Cearense , contando com o seguinte quadro : Zé Dias, Manuelzinho, Nozinho, Índio , Vareta , Vicente , Nirtô , Três Orelhas , Zé Maria , Fernando e Pipi.
1952 : Terceiro título de Campeão Cearense , obtido pelo Ferroviário, com a seguinte formação : Juju , Nozinho , Macaúba , Vicente , Mário Serejo, Manuelzinho, Nirtô , Três Orelhas , Macaco , e Fernando.
1968 : Quarto título de Campeão Cearense pelo Ferroviário . Jogadores utilizados : Edilson José, Douglas , Gomes , Wellington, Cavalheiro , Luiz Paes , Roberto Barra Limpa , Barbosa , Coca - Cola , Mano , Sanega, João Carlos , Ademir , Lucinho, Paraíba , Edmar , e Raimundinho .
Em 21 de agosto de 1988 , no Estádio Castelão , Ferroviário e Ceará disputavam a final do terceiro turno do campeonato cearense . O Ferroviário jogava por um empate e perdeu de goleada ( 5 X 1 ) , no tempo normal . Na prorrogação prevista , o Ceará se apresentava como franco favorito , em vista do baixo estado de ânimo dos atletas corais , em decorrência do elástico placar sofrido .
No final da peleja , Arnaldo e Guima , fizeram os dois gols que deram a vitória ao Ferroviário por 2 X 0 .
Coisas do futebol , coisas do querido Ferrão!
Em 1998 , deu - se a privatização da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima ( RFFSA ) , que ocupara o lugar da antiga Rede Viação Cearense ( RVC ) . A nova empresa agora passou a se denominar Companhia Ferroviária do Nordeste ( CFN ) . Teve fim , desse modo , a ajuda financeira que o time do Ferroviário recebia há tempos da RVC e da RFFSA .
Desde então, os títulos minguaram , mas a " inchada coral " continua firme . Aquela turma que enchia os vagões da sacolejante " Maria Fumaça " sob a batuta da Dona Filó , e do folclórico Zé Limeira , ainda persiste :
" - Aí é Ferrão, meu filho ."
Francisco Eleuterio / Francisco Clayrton
Pode ser uma imagem de texto que diz "F A C"
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 Orlando Dias - Batom no Espelho

" Tantas palavras, meias palavras / nosso apartamento , um pedaço de Saigon / me disse adeus em um espelho com batom / vai minha estrela , iluminando / toda esta cidade , como um céu de luz néon / seu brilho silencia todo som / às vezes , você anda por aí / brinca de se entregar / sonha pra não dormir / e quase sempre eu penso em te deixar / e é só você chegar / pra eu esquecer de mim / anoiteceu , olho pro céu e vejo como é bom / ver as estrelas na escuridão/ espero você voltar pra Saigon " .
Música " Saigon " , composição dd Cláudio Cartier e Paulo César Feital .
O servidor público e boêmio Orisvaldo da Silva , tirou licença - prêmio do Bar da Alegria , situado no colar de pérolas do pecado do centro de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção , onde animava uma roda brega - romântica, com uma fiel imitação do cantor pernambucano Orlando Dias ( 1923 - 2001 ) , de saudosa memória .
" Tu és a criatura mais linda / que os meus olhos já viram / tu tens a boca maia linda / que a minha boca beijou / são meus os teus lábios/ estes lábios que os meus desejos mataram / são minhas tuas mãos / estas mãos que minhas mãos afagaram/ sou louco por ti / eu sofro por ti / te amo em segredo / adoro o teu porte divino / pela mão do destino / a mim tu vieste / tenho ciúme do sol , do luar , do mar / tenho ciúme de tudo / tenho ciúme até / da roupa que tu vestes ".
Numa Autarquia do Estado , onde prestava serviço há trinta anos , Orisvaldo , agora andava casmurro e cabisbaixo Acomodava em sua cadeira de trabalho, o surrado paletó de linho branco " que até o mês passado lá no campo ainda era flor " , e escorregava de fininho para um boteco próximo com o intuito de enfrentar umas " sapuparas" com pitombas de vez .
Há coisa de seis meses , a cabocla maranhense Jussara da Silva , uma reluzente estampa do tipo rainha da Escola de Samba Unidos do Acaracuzinho, que batia ponto na Boate Continental , assinara um contrato verbal com o dito Orisvaldo, para bater bola no oitavo andar do famigerado edifício " balança mais não cai " , ali na Avenida Duque de Caxias .
Tudo quase foi por água abaixo , quando um desinfeliz foi segregar para Orisvaldo que alguém do brabo " MST " estava invadindo sua propriedade privada e mexendo na sua " ovelha - cabocla maranhense " . Numa rápida busca pela " feira dos malandros " , caíra nas mãos de Orisvaldo, um cospe - fogo Taurus 38 com numeração raspada . Pelo visto , mais uma tragédia anunciada .
Orisvaldo , naquela noite , meio truviscado , tocado pelo álcool , passando a mão pela cabeça, em busca de algum chifre , estava disposto a dar umas marradas a torto e a direito. Ali estava , no campo , Jussara , envergando um baby - doll preto , que deu trato àquele bicho brabo , com beijos quentes e loucos . Foi uma contenda e tanto com direito a prorrogação e mata - mata .
Orisvaldo , em franco nocaute técnico, deixou inocentemente à mostra , o pau - de - fogo em cima da penteadeira .
Jussara , faceira , e não besta , escafedeu - se , deixando uma pequena mensagem no espelho do quarto .
Por pouco não se escreveu com sangue inocente mais uma crônica policial nesta pobre terrinha machista .
- Orisvaldo , meu caro , fique frio isso se trata de coisa fútil saindo da sua imaginosa cabeça.
Ponto Final !
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segunda-feira, 1 de maio de 2023

 Boca da Noite na Beira Mar

"Deixa escrever - te , verde mar antigo ,
Largo Oceano , velho deus limoso,
Coração sempre lírico, choroso ,
E terno visionário, meu amigo !
Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vai ter contigo ,
- Nada é mais grande , nobre e doloroso ,
Do que tu , - vasto e úmido jazigo !
Nada é mais triste , trágico e profundo !
Ninguém te vence ou venceu no mundo !
Mas também, quem te pôde consolar ?
Tu és Força, Arte , Amor , por excelência ! -
E , contudo , ouve - o aqui, em confidência ;
- A Música é mais triste inda que o Mar ! "
Soneto " Carta ao Mar " , de Antônio Gomes Leal ( 1848 - 1921 ) , poeta e crítico literário português .
Foto que ilustra o texto , mostra um cair da tarde na Beira Mar em Fortaleza.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, praia, oceano, horizonte, crepúsculo e nuvem
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