Gato por Lebre
" Conta - se que , em certa pensão, sempre se anunciava, no cardápio do almoço, lebre ensopada , pastéis de lebre. E sempre ali havia duas ou três lebres expostas numa espécie de vitrine . Notaram, porém, os hóspedes que as lebres sempre lá estavam e com frequência viam, no quintal , couros de gato ,secando discretamente , ao sol.
Sem dúvida : ali se passava gato por lebre.
Mas há muitos outros modos de passar gato por lebre. Um camponês arranjou para o seu cavalo uns óculos verdes. Na falta de forragem verde, o animal comia folha seca, sem relutância.
É também passar gato por lebre defender a pátria com palavras, dilapidando - lhe o tesouro; proclamar a liberdade de consciência e condenar a crença católica; enriquecer - se, propagando a necessidade da propriedade comum , ou de repartição de bens ; fazer - se passar por homem de bem , enquanto , às ocultas só se merecem censuras da própria consciência. "
Crônica da autoria do arcebispo Dom Antônio de Almeida Lustosa ( 1886 - 1974 ) , nascido em São João del- Rei, Minas Gerais , e falecido em Carpina , Pernambuco.
Do livro " Respingando " , ano de 1958, Publicação da Universidade do Ceará.
E hoje , em Pindorama, num circo mambembe, um bocado de " gato planaltino " se passa por " lebre" , investindo contra cidadãos de conduta ilibada , na mais plena inversão de valores .
Uma lástima, uma vergonha nacional !
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