Um dos semideuses do Olimpo Verde – Amarelo , com leves tons não de cinza , mas , de vermelho , veio recentemente a público , após espúria reunião às caladas da noite de um domingo modorrento no Planalto Central , pregar um funesto aviso , em tom venenoso , ao povo de Pindorama :
“ – Muito cuidado , senhores , viajamos num mesmo avião , e , em caso de um desastre , todos pereceremos “ .
Simples , não , cara – pálida ? . Ok ! , mas a nós , pobres mortais , nada foi acordado acerca de que , o plano de voo da gigante aeronave era fajuto , que a tripulação responsável pela mesma , portava pouco siso e , o pior , o combustível empregado no dito monstrengo voador , mostrava uma brutal adulteração . Agora esse semideus togado , manda o petardo , um verdadeiro pombo sem asa , no colo do povo trabalhador de Pindorama , alertando sobre o fim provável da frágil e jovem democracia em vigor . Tudo isso , claro , com os semideuses planaltinos , se eximindo de qualquer traço de culpa , como sempre o fazem , sob o escudo de um mal oloroso foro privilegiado.
Cada vez mais , entendo , apoio e participo das legítimas manifestações populares contra tais abjetas figuras públicas , que agora , no desespero , estimulam um confronto de seus “ falsos exércitos de A ou B “ , portando foices e machados , contra uma população armada , apenas e o bastante , de solidariedade , esperança , espírito altaneiro e amor pátrio , estes sim , representando os verdadeiros filhos de Pindorama .
A história já mostrou exemplos modelares e que deveriam ter sido aprendidos , como o afundamento do “ Titanic “ e o malogrado “ Baile da Ilha Fiscal “ . Será que agora assistiremos petrificados a emergência da final “ Batalha de Armagedon “ aqui neste pedaço de chão ? .
No domingo próximo , Pindorama promete , e se Deus quiser , vai cumprir à risca , amanhecer , de forma ordeira e pacífica , sob o embalo da esperança , de norte a sul , e de braços dados a cantar :
“ Vai passar / nesta avenida um samba popular / cada paralelepípedo / da velha cidade / esta noite vai se arrepiar / ao lembrar / que aqui passaram sambas imortais / que aqui sangraram pelos nossos pés / que aqui sambaram nossos ancestrais / num tempo / página infeliz de nossa história / passagem desbotada na memória / das nossas novas gerações / dormia / a nossa pátria – mãe tão distraída / sem perceber que era subtraída / em tenebrosas transações / seus filhos erravam cegos pelo continente / levavam pedras feitos penitentes / erguendo estranhas catedrais / e um dia , afinal / tinham direito a uma alegria fugaz / uma ofegante epidemia / que se chamava carnaval / palmas pra ala dos barões famintos / o bloco dos napoleões retintos / e os pigmeus do bulevar / Meu Deus , vem olhar / vem ver de perto a cidade a cantar / a evolução da liberdade / até o dia clarear / ai , que vida boa , olerê / ai , que vida boa , olará / o estandarte do sanatório geral , vai passar ! “ . Um samba das antigas de Chico Buarque .
Tudo passa , minha gente ! : e cai o rei de paus , cai o rei de ouro , cai o rei de espada , cai , não fica nada ! .
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